Quarenta horas depois do seu início, o julgamento de Osvaldo Pereira de Aguiar, de 56 anos, terminou com resultado desfavorável ao ambulante. Ele foi considerado culpado pela morte da menina Maisla Mariano dos Santos, de 11 anos, em 12 de maio de 2009 e cumprirá pena de 40 anos pelos crimes praticados. O resultado foi dado pelo júri popular no final da noite de ontem e a pena foi estimada pela juíza Karyne Chagas de Mendonça Brandão. O advogado de defesa, Marcus Alânio, já anunciou que irá recorrer da decisão ainda na tentativa de livrar o cliente das acusações de homicídio duplamente qualificado, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver.
alex régisMarisa Mariano, mãe de Maisla, chora ao ouvir a decisão do júri. Momentos antes, ela e familiares haviam feito orações pedindo a Deus por justiça
Era pouco mais da meia noite, quando a juíza Karyne deixou a sala secreta e deu início a leitura da decisão. Condenados pelos três crimes indicados pelo Ministério Público, o réu foi sentenciado a cumprir 27 anos pelo homicídio, 10 anos pelo atentado ao pudor e três pela ocultação cadáver.
Em meio a agradecimentos da juíza pelo bom comportamento da plateia, Marisa Mariano gritou em direção ao algoz da sua filha: ´´Esse é o meu Deus. Você não vai matar mais ninguém seu assassino´´; Osvaldo, quando ninguém esperava por ter permanecido calado durante os dois dias, respondeu: ´´ Você verá no dia do julgamento final´´ e logo depois foi reconduzido a cela do Tribunal.
Desde às 17h de ontem, os jurados ouviam o debate entre a promotoria e a defesa. Primeiro a ter a palavra, o promotor José Hindemburgo, responsável pela acusação, abordou os antecedentes criminais do acusado. Condenado por tráfico de drogas e atentado violento ao pudor, assim como fugitivo do presídio de Rondônia, ficou claro que a intenção era relacionar esses crimes com a capacidade para cometer o brutal assassinato de Maisla.
Hindemburgo recontou os acontecimentos do dia 12 de maio e apontou os passos de Osvaldo para a sedução, tentativa de violência sexual, morte e esquartejamento. Reforçou os depoimentos das testemunhas arroladas pela acusação que montaram um perfil pedófilo do ambulante, dizendo que ´´queria se casar com menina nova e virgem´´.
Já a defesa desafiou os presentes a apresentarem qualquer prova técnica que relacionasse material genético de Osvaldo com os exames realizados. Alânio reiterou que Osvaldo seria o personagem ideal para a prática do crime e por isso não se seguiu nenhuma outra linha de investigação – deixando o caso, portanto, sem solução. ´´Mas vocês tem a oportunidade de recomeçar uma investigação e achar um culpado para esse caso brutal´´, afirmava o advogado.
O responsável pela defesa criticou o trabalho do Estado que, para ele, procurava incansavelmente saciar os clamores da sociedade e quando encontraram Osvaldo o jogaram sob os holofotes da imprensa. ´´Não se pode condenar com dúvida, senhores jurados´´, alertava. ´´Se há incompetência e desaparelhamento dos órgãos do Estado, a culpa não é de Osvaldo´´, chamou atenção.
Já detido desde o mês de maio de 2009 no presídio estadual de Alcaçuz, o ambulante retornou sob escolta para a penitenciária para o cumprimento da pena. Somados a punição recebida hoje, estão mais 26 anos de penas anteriores por tráfico de drogas e violência sexual praticadas em Rondônia e Roraima.
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